APOSTOLADO

O APOSTOLADO É ATUAL?

Por Cristiano França, Apóstolo

Como quase tudo no meio eclesiástico habitual, a crença de que "hoje em dia não existem mais os Apóstolos" é mais uma das mentiras incutidas na mente do povo de Deus ao longo dos séculos deste cristianismo obtuso criado pelo sistema religioso tradicional. A verdade é que atribuíram à palavra "apóstolo" uma santidade que não é compartilhada pela Bíblia, já que APÓSTOLO vem do grego "apostolos" e significa simplesmente: "mensageiro", "enviado". APÓSTOLO também significa, por extensão de sentidos: "membro da Igreja que primeiro pregou a fé cristã em determinado país ou região"; "missionário muito abnegado"; "aquele que se dedica à defesa e propagação de uma doutrina ou de uma ideia". O único momento em que a palavra APÓSTOLO está carregada de devida santidade é quando a mesma é atribuída a JESUS CRISTO (Hebreus 3:1). Em tese, toda pessoa portadora de uma mensagem e que se propõe a transmiti-la e lutar por ela é, por assim dizer, UM APÓSTOLO.

No que se refere a receber a Revelação da Boca do Justo (Atos 22:14) e lançar o fundamento para o Novo Pacto, Paulo foi (e é até hoje) o único Apóstolo (1ª Coríntios 3:10). E Paulo foi, de fato, o último apóstolo a estar pessoalmente com Cristo (no caso, o Cristo Ressuscitado). Porém, isto não significa que ele só se tornou Apóstolo por ter estado com o Senhor pessoalmente. O fato é que alguns teólogos criaram a estapafúrdia ideia de que o único requisito para alguém ser um APÓSTOLO ("mensageiro"), seria o fato de "ter visto Jesus" em pessoa. Vejamos uma das passagens bíblicas irresponsavelmente utilizadas:

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.” (1ª Coríntios 15:3-8)

Em NENHUM momento vemos neste texto (ou em qualquer texto bíblico) algo que nos diga que para ser um Apóstolo ("mensageiro") deve-se, antes, ter visto Jesus pessoalmente. No texto acima, Paulo está, simplesmente, citando o que ele já havia ensinado à igreja de Coríntios: "Porque primeiramente vos entreguei...". Paulo está dizendo: "Eu já ensinei estas coisas a vocês: Cristo morreu e ressuscitou, foi visto por Cefas, pelos doze, depois foi visto por mais de quinhentos irmãos e finalmente foi visto por mim". Está claro que Paulo não estava defendendo seu APOSTOLADO usando o fato de ter visto a Cristo. Até porque, Paulo diz que Jesus apareceu também a mais de quinhentas pessoas! Isto significa que "ter visto Jesus" não era um fator determinante para o Apostolado, mas algo natural já que tantas outras pessoas, que não eram apóstolos, também O tinham visto.

Como Paulo não andou com Jesus de Nazaré, é bem verdade que muitos não o consideravam um APÓSTOLO por causa disto. Por isso Paulo se defendeu dizendo: "Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?" (1ª Coríntios 9:1). Lendo este texto sem antes observarmos seu contexto, parece que Paulo está dizendo que só era APÓSTOLO por ter visto a Cristo. No entanto, ao vermos o respectivo contexto, encontramos: "Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque VÓS SOIS o selo do meu apostolado no Senhor" (v. 2). Ou seja, o verdadeiro "selo" (confirmação) do APOSTOLADO de Paulo era a sua obra no Senhor (A IGREJA). E Paulo precisava afirmar ter visto a Jesus apenas para se "igualar" aos outros doze que andaram com o Nazareno, visto que estes eram "mais considerados" naquela época por terem andado com Ele antes da cruz (Gálatas 2:9).

Vemos ainda que Paulo, em um momento de descontrole emocional, defendeu seu APOSTOLADO usando suas experiências evangelísticas e não o fato de ter visto a Jesus (2 Coríntios 11:22-27).

Dizer que só é Apóstolo quem viu a Jesus pessoalmente é mais uma invenção do sistema religioso. Até mesmo na história da Igreja primitiva esta associação é anti-bíblica. Basta notarmos que Barnabé, companheiro de Paulo, também era considerado um apóstolo, apesar de ele não ter visto a Jesus pessoalmente no Paraíso: "Ouvindo, porém, isto OS APÓSTOLOS BARNABÉ e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando" (Atos 14:14). Barnabé era considerado um apóstolo!

A Palavra é categórica ao afirmar: "E a uns pôs Deus NA IGREJA, primeiramente APÓSTOLOS..." (1ª Coríntios 12:28); "E ele mesmo deu (a Igreja) UNS PARA APÓSTOLOS, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo." (Efésios 4:11-12). Alguém poderia argumentar que estes apóstolos a que Paulo se refere seriam somente ele, Barnabé e os doze. Eu respondo que SIM, Paulo até poderia estar se referindo somente a si mesmo e aos demais como sendo os Apóstolos postos na Igreja. Porém, Paulo não imaginava que a Igreja teria um futuro tão distante, onde eles não estariam mais vivos. Na verdade, Paulo e todos daquela época achavam que Jesus voltaria ainda naquela geração:

"Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS para a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que já dormem. 16 Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado; (...) Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor." (1ª Tessalonicenses 4:15-17).

Certamente, se Paulo imaginasse que a Igreja ultrapassaria os milênios à frente (como aconteceu), ele deixaria claro que O APOSTOLADO, assim como o pastorado, os profetas, os evangelistas e os mestres (os cinco Ministérios fundamentais) TÊM QUE EXISTIR enquanto a Igreja durar neste mundo atual.

Há ainda alguns que argumentam que não há mais apóstolos, pois Deus só escolhe um de cada vez para dar uma incumbência importante; como Moisés, que foi o único escolhido para trazer a Lei. Neste caso, como apenas Paulo foi escolhido para receber a Revelação da Graça, não haveria mais apóstolos, pois Deus não escolheu outros. Bem, eu acredito que este argumento já foi rebatido com o caso de Barnabé, que também era considerado um apóstolo. Há também a questão da necessidade dos Ministérios para a Igreja atual como vimos anteriormente. Porém, existe outra falha nesta alegação, pois se usarmos Moisés como base para tal argumentação, teríamos que anular até mesmo Paulo como apóstolo, visto que Jesus é considerado O Apóstolo (Hebreus 3:1) e, neste caso, é Cristo quem se opõe a Moisés e não Paulo (João 1:16-17). Moisés era o ícone da Lei; Jesus (não Paulo) é o ícone da Graça. Segundo este argumento, no final das contas, Paulo também não seria um apóstolo.

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Dizer que Paulo foi o último apóstolo é chover no molhado. Ele foi o único a receber a Revelação da Nova Aliança, o único a lançar o fundamento para a Igreja e o último a estar com Cristo Ressuscitado pessoalmente (Gálatas 1:11-12; 1ª Coríntios 3:10; 2ª Coríntios 12:1-4; 1ª Coríntios 15:8). Porém, a Igreja continua e precisa ser edificada. E, biblicamente, para que isto ocorra, é necessário que haja TODOS os ministérios profetizados (Efésios 4:11-12).

É claro que "SER APÓSTOLO" hoje não significa ser "da linhagem de Paulo" ou ser "outro Paulo" (pelo menos EU não me vejo assim). Ser apóstolo hoje em dia é apenas uma POSIÇÃO assumida em relação à Obra, no que diz respeito ao espírito (motivação) que deve ser implantado para que esta Palavra corra.

É bem verdade que MUITOS hoje dizem que receberam a revelação no Paraíso ou que Deus apareceu pessoalmente e lhes revelou, ou que ouviram uma voz, etc. Isso tudo é mentira! Pois o último Apóstolo que esteve com Cristo e recebeu direto de Sua boca a Revelação foi Paulo. Porém, apesar disso, nada impede que atualmente assumamos uma POSIÇÃO APÓSTOLICA para a Igreja contemporânea, a fim de que façamos a edificação da Graça nos tempos atuais.

 

DEUS JÁ NOS ABENÇOOU!